sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sobre o Cristianismo

"O Cristianismo satisfaz, de forma súbita e perfeita, o ancestral instinto que o homem tem para se encontrar direito; e satisfaz tal instinto de forma suprema na circunstância de, por via deste credo, a alegria se tornar uma coisa gigantesca e a tristeza uma realidade pequena e especial."

Ortodoxia; G. K Chesterton


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Para o Advento

Deixa um momento as tuas ocupações habituais, ó homem, entra um instante em ti mesmo, longe do tumulto dos teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te apoquentam e liberta-te agora das inquietações que te absorvem. Entrega-te uns momentos a Deus; descansa por algum tempo em sua presença.

Entra no íntimo da tua alma; remove tudo, excepto Deus e o que te possa ajudar a procurá-lO. Encerra as portas da tua habitação e procura-O no silêncio. Diz a Deus, de todo o coração: «Procuro o vosso rosto; o vosso rosto, Senhor, eu procuro.»

E agora, Senhor meu Deus, ensinai ao meu coração aonde e como hei-de buscar-Vos, aonde e como poderei encontrar-Vos.

Que fará, altíssimo Senhor, que fará este desterrado, tão longe de Vós? Que fará este vosso servo, sedento do vosso amor, mas tão longe da vossa presença? Anela contemplar-Vos, mas o vosso rosto está tão longe dele. Deseja aproximar-se de Vós, mas a vossa morada é inacessível. Deseja encontrar-Vos, mas desconhece o vosso rosto.

Olhai, Senhor, para nós; ouvi-nos, iluminai-nos, manifestai-Vos a nós. Vinde morar connosco e seremos felizes; sem isso, passaremos muito mal. Tende compaixão dos nossos trabalhos e esforços para Vos alcançar, porque sem Vós nada podemos.

Ensinai-me a procurar-Vos e mostrai-me o vosso rosto; porque não posso procurar-Vos, se não mo ensinais. Não posso encontrar-Vos, se não Vos mostrais. Desejando Vos procurarei, e procurando Vos desejarei; amando Vos encontrarei, e encontrando Vos amarei.

Santo Anselmo

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio"

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que eu quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.


Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nas noites eu creio

Ó escuridão da qual nasci,

mais do que a chama gosto de ti,

a que o mundo delimita,

e ao brilhar se agita

para qualquer espaço circular,

fora do qual nenhum ser a pode adivinhar.


Mas a escuridão a si segura os demais:

figuras e chamas, a mim e aos animais,

tal como os alcança,

pessoas e potências…


E pode mesmo ser uma força imensa

que à minha vizinhança pertença.


Nas noites eu creio.



Livro das Horas – Rainer Maria Rilke

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Homilia de São João Crisóstomo; séc. IV

Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro.
Muitas vagas e fortes tempestades nos ameaçam, mas não tememos ser submergidos, porque nos apoiamos na rocha firme. Por mais que se enfureça o mar, nunca poderá quebrar esta rocha; por mais que se levantem as ondas, nunca poderão afundar a nau de Jesus. Que havemos de temer? A morte? Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. O exílio? Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe. A confiscação dos meus bens? Nada trouxemos para este mundo e também nada daqui podemos levar. Para mim, os perigos deste mundo só merecem desprezo, e os seus bens não passam do ridículo. Não temo a pobreza nem ambiciono riquezas; não receio a morte nem desejo viver, senão para vosso proveito. Por isso, ao recordar vos a situação presente, exorto a vossa caridade para que tenha confiança.
Não ouvis a palavra do Senhor: Onde dois ou três se reúnem em meu nome, Eu estou no meio deles? E não estará presente o Senhor no meio de um povo tão numeroso, unido pelos vínculos da caridade? Estarei eu porventura confiado nas minhas próprias forças? Não. Eu tenho a promessa do Senhor, tenho comigo a sua palavra escrita: este é o meu bordão, esta é a minha segurança, este o meu porto tranquilo. Ainda que todo o mundo se perturbe, eu tenho a sua resposta por escrito, leio a sua Escritura: esta é a minha muralha, esta é a minha fortaleza. Que diz a Escritura? Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo.
Cristo está comigo; a quem hei de temer? Ainda que se lancem contra mim as ondas do mar ou o furor dos príncipes, tudo isto para mim é mais desprezível do que uma teia de aranha. E se a vossa caridade me não retivesse aqui, não recusaria partir hoje mesmo para onde quer que fosse. Porque sempre estou dizendo: Senhor, seja feita a vossa vontade; não o que quer este ou aquele, mas o que Vós quereis que eu faça. Esta é a torre que me abriga, esta é a pedra firme que me sustenta, este é o bordão que não me deixa vacilar. Seja o que Deus quiser. Se Ele quer que eu permaneça aqui, fico Lhe agradecido. Se me chama para qualquer outro lado, sempre Lhe darei graças.
Onde eu estiver, ali estareis vós também; e onde estiverdes vós, ali estarei também eu. Somos um só corpo; e nem o corpo se separa da cabeça, nem a cabeça do corpo. Ainda que estejamos em lugares distantes, ficamos sempre unidos pela caridade e nem a própria morte poderá separar nos. Porque o corpo morre, mas a alma sobrevive; e a minha alma sempre se recordará do meu povo.
Esta é a minha pátria e a minha família; vós sois os meus pais, meus irmãos e meus filhos; sois membros do mesmo corpo; sois a minha luz, uma luz mais amável que a luz do dia. Que brilho pode haver para mim mais agradável que a vossa caridade? O brilho da luz do dia é me útil na vida presente; mas a vossa caridade prepara me uma coroa para a vida futura.

sábado, 26 de setembro de 2009

Uma reflexão com Vinicius de Moraes

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poesia, Amor e Santidade

“de facto, para conquistar todo sucesso e todos os gloriosos bens que possuí, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a Santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.”



O retrato de Mónica; Sophia de Mello Breyner Andersern

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mário Cesariny

Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Il Divo - Hallelujah




[Sébastien:]
Un soldado a casa hoy regresó
y un niño enfermo se curó
y hoy no hay trabajo en el bosque
de la lluvia
El desamparado se salvó
por causa de una buena acción
y hoy nadie lo repudia
Aleluya

[Chorus:]
Aleluya, Aleluya
Aleluya, Aleluya

[Carlos:]
Un ateo que consiguió creer
y un hambriento hoy tiene de comer
y hoy donaron a una
iglesia una fortuna

[David:]
Que la guerra pronto se acabará
Que en el mundo al fin
reinará la paz
Que no habrá miseria alguna
Aleluya

[Chorus:]
Aleluya, Aleluya
Aleluya, Aleluya

[Urs:]
Porque la norma sea el amor
y no gobierne la corrupción sino
lo bueno y lo mejor del alma pura
Porque Dios nos proteja
de un mal final
Porque un día podamos escarmentar
Porque acaben con tanta furia
Aleluya

Aleluya, Aleluya
Aleluya, Aleluya

Aleluya, Aleluya

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cântico Negro de José Régio

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

terça-feira, 23 de junho de 2009

A época de Exames



Porque ainda alguns de nós caminham por entre os exames escolares, deixo-vos um texto do Pe. Tolentino Mendonça sobre os exames:

Os exames atacam o tempo.
Ocupam. Preocupam.
Tomam os nossos dias todos,
como um miúdo mimado
que não gosta de repartir guloseimas.
Obrigam a viver por detrás
das persianas.
«Desculpem hoje não vou.»
«Desculpem hoje não estou.»
Os exames trazem outros ritmos.
Empilham-se textos. Desfilam leituras.
Acho que já sei. Acho que nada sei.
Não há, por aí, quem ajude?

Os exames atacam o tempo.
Ocupam tudo.
Acontece, talvez por isso,
tropeçarmos mais vezes em nós.
«O que ando a fazer aqui?»
«Estou bem?»
«Gosto do que estudo?»
«Gosto do modo como estudo?»
«Para que serve tudo isto?»
Atenção: estas perguntas valem tanto como as que vêm no teste.

Os exames atacam o tempo.
Põem-nos longe dos outros.
Há que tempo não os vemos.
Acontece, talvez por isso,
os sentirmos, afinal, mais perto,
Chegados ao coração.

Nos exames damos por nós a pensar,
mais vezes em Deus.
Não só porque troveja.
Mas porque pensar n’Ele faz-nos bem.
Dizemos-Lhe coisas. Pedimos ajuda.
Que Ele nos dê a «ajuda»
de compreender
como Ele nos apoia sempre.


Podem encontrar outros textos em: http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/snpcultura/umbrais_index.html#2009_06_16

Que os Exames corram da melhor forma para todos! =)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Thank you stars




Some call it faith, some call it love
Some call it guidance from above
You are the reason we found ours
So thank you stars

Some people think it's far away
Some know it's with them everyday
You are the reason we found ours
So thank you stars

There are no winds that can blow it away on the air
When they try to blow it away 's when you know it will always be there

To some it's the strength to be apart
To some it's a feeling in the heart
And when you're out there on your own, it's the way back home

There are no winds that can blow it away on the air
When they try to blow it away 's when you know it will always be there

Some call it faith, some call it love
Some call it guidance from above
You are the reason we found ours
So thank you stars
Thank you stars
Thank you stars

terça-feira, 16 de junho de 2009

"Porque Ele está connosco"

Porque Ele está connosco,
Enquanto o tempo é tempo,
Ninguém espere, para O encontrar,
O fim dos dias...
Abrindo os olhos,
Busquemos o seu rosto e a sua imagem.
Busquemo-l’O na vida, sempre oculto
No íntimo do mundo, como um fogo.


Porque Ele está connosco
Nesta hora de violência,
Pensemos que Ele vive, fala e sente
Em quem padece.
Alerta, ó almas!
Volvamos para Ele os nossos passos.
Sigamos os seus gestos com que acena
Aos homens, sobre a cruz das grandes dores.


Porque Ele está connosco
Nos dias de fraqueza,
Ninguém espere conservar o alento
Sem O chamar...
De mãos ao alto,
Gritemos para Ele a nossa angústia.
Prostremo-nos, orando, aos pés d’Aquele
Que apaga em nós as manchas do pecado


Porque Ele está connosco,
Tal como na manhã
De Páscoa, não faltemos ao banquete
Do sangue derramado,
Comamos do seu pão,
Bebamos do seu cálice divino,
Sinal do seu amor até ao fim!




Hino de Vésperas (Terça-feira Semana III)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mas, presentemente, quem é o nosso próximo?

“O nosso próximo são todos aqueles que, num momento da vida, se ofereceram quando tínhamos necessidade de auxílio e no-lo prestaram sem que o tivéssemos pedido, e que nos socorreram sem que de tal guardássemos lembrança. Deram-nos a mais-valia da vitalidade. Tomaram-nos a seu cargo no momento e lugar em que o seu caminho cruzava o nosso. (…) Todos aqueles que como irmãos e de forma desinteressada nos tomaram sob a sua responsabilidade, até à recuperação das nossas forças e nos deixaram livres de seguirmos o nosso caminho, foram o nosso “próximo”.”

Fraçoise Dolto; A psicanálise dos Evangelhos

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vós que chorais, vinde ao Deus que chora.
Vós que sofreis, vinde ao Deus que sara.
Vós que temeis, vinde ao Deus que abriga.
Vós que passais, vinde ao Deus que fica.



Victor Hugo

quinta-feira, 28 de maio de 2009

(re)ler a Carta aos Romanos de São Paulo




“Oh, que profundidade de riqueza,
de sabedoria e de ciência é a de Deus!
Como são insondáveis as suas decisões
e impenetráveis os seus caminhos!
Quem conheceu o pensamento do Senhor?
Quem lhe serviu de conselheiro?
Quem antes lhe deu a Ele,
para que lhe seja retribuído?
Porque é dele, por Ele
e para Ele que tudo existe.
Glória a Ele pelos séculos! Ámen.”


Rom 11, 33-36

O cristianismo em imagens

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O Segredo de Fátima

"À medida que o tempo passa, acredito mais no Segredo de Fátima. Nesse Segredo que desassossega, que nos arranca de casa, dos livros, da cidade e nos lança, anualmente, para a imensidão das estradas. Eu acredito num «não sei quê» que esse Segredo derrama em nós: uma porção de confiança, de abandono e de aventura. Uma vontade de tornar a vida mais que tudo verdadeira. De tornar generosos os projetos e fecundos os laços que nos ligam aos outros. De tornar absoluta a nossa sempre frágil Esperança.
À medida que o tempo passa, vou conhecendo pessoas cujo tesouro interior foi descoberto, ampliado nos caminhos de Fátima. Pessoas que contam histórias simples, misturadas com sorrisos e lágrimas. Histórias de um Encontro tão parecido ao que teve uma rapariga da Judeia, de nome Maria.
Que têm os peregrinos de Fátima? Têm o vento por asas e a lonjura por canto. Têm a conversão por caminho e a prece ardente por mapa. São filhos de uma promessa que se cumpre dentro da vida.
Gosto dessa frase de Vitorino Nemésio que diz: “em Fátima, a Humanidade inteira passou a valer mais”. Gosto, porque nos caminhos longos, imprevistos e profundos de uma peregrinação isso nos é ensinado como uma evidência humilde e apaixonante."

José Tolentino Mendonça

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Da carta a Diogneto

Há uns tempos detive-me com este texto, um pequeno capítulo da carta a Diogneto:

“Os cristãos não são diferentes dos outros homens nem pelo território, nem pela língua, nem pelo modo de viver.
Eles não moram numa cidade exclusivamente sua, não usam uma língua própria, nem levam um género de vida especial.
A sua doutrina não é conquista do pensamento e do esforço dos homens estudiosos, nem professam, como fazem alguns, um sistema filosófico humano.
Moram em cidades gregas ou bárbaras, como coube em sorte a cada um, e, adaptando-se aos costumes de vestir, de comer e em todo o resto de vida, dão exemplo de uma forma de vida social maravilhosa que, segundo todos confessam, é inacreditável.
Habitam na respectiva pátria, mas como estrangeiros; participam em todas as honras como cidadãos e suportam tudo como estrangeiros. (...)
Todas as terras estrangeiras são uma pátria para eles e todas as pátrias são terras estrangeiras...
Vivem da carne, mas não são segundo a carne. Moram na terra, mas são cidadãos do céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas através do seu teor de vida superam as leis.
Amam a todos e por todos são perseguidos. Não os conhecem e condenam-nos; dão-lhes a morte e eles recebem a vida.
São mendigos e enriquecem a muitos; encontram-se privados de tudo e tudo têm em abundância.
São desprezados e no desprezo encontram glória; difamam-nos e é reconhecida a sua inocência.
São injuriados e abençoam; são tratados de modo insolente e eles tratam com reverência.
Fazem o bem e são punidos como malfeitores; e, embora punidos, alegram-se quase como se lhes dessem a vida.
Mas os que odeiam não sabem dizer o motivo do seu ódio.
Numa palavra, os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo.”

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Uma reflexão entre a Morte e a Vida

Há uns tempos atrás, fomos a um cemitério em Lisboa, o cemitério dos Prazeres. Lá encontramos um túmulo com a seguinte inscrição:


"A Fé une o que a Morte separa."


Vale a pena pensarmos nisto...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Tudo o que sei do céu me vem do espanto que experimento perante a bondade inexplicável desta ou daquela pessoa, à luz de uma palavra ou de um gesto tão puros que me revelam bruscamente que nada no mundo poderia ser a sua origem. (...)
Há almas nas quais Deus vive sem que elas disso se apercebam. Nada deixa supor essa presença sobrenatural, senão a grande naturalidade que inspira aos gestos e às palavras daqueles em que habita."


Christian Bobin (n. 1951)

O cristianismo em imagens

sexta-feira, 1 de maio de 2009

“Ter vocação” ou “ser chamado”?

"A vocação não se “tem” como algo próprio, conquistado ou devido por direito – nem a vocação à existência, nem à redenção, nem a desempenhar qualquer tarefa que seja, na Igreja. Não existe essa vocação que se teria como coisa disponível. Há um chamamento – a vocação é exterior à pessoa, apanha-a desprevenida, desinstala-a e muda-lhe o curso da existência. Assim aconteceu com Abraão, Moisés, os profetas, os apóstolos, Paulo... Assim acontece – deveria acontecer – com cada cristão. Em tempos de cristandade, porém, as coisas mudaram e, embora sem negar a iniciativa de Deus, o “chamamento” acabou conver-tendo-se em algo próprio de poucos, que “tinham” vocação. Desaparecido o ambiente de cristandade, com grande parte dos nossos contemporâneos oscilando entre a indiferença religiosa, o agnosticismo e o ateísmo, importa recuperar a percepção original da vocação como chamamento a seguir Cristo e a tornar-se membro da comunidade nova dos seus dis-cípulos. O resto – carismas, ministérios, entre eles, o de presbítero – virá por acréscimo. Não quer isto dizer que as vocações de serviço, na Igreja, não sejam importantes e que, concretamente, a Igreja possa seguir adiante sem o sacerdócio ministerial. Quer dizer, ape-nas, que é necessário olhar para a vocação a estes ministérios integrada na vocação primei-ra: o chamamento a ser discípulo de Cristo e membro da Igreja."~



http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=72501

domingo, 26 de abril de 2009

Esquecer e Perdoar

“Caminhavam pelo deserto e reconheceram-se de longe, porque eram ambos muito altos. Os irmãos sentaram-se na terra, fizeram uma fogueira e comeram. Guardavam silêncio, à maneira das pessoas cansadas, quando declina o dia. No céu aparecia uma ou outra estrela, que ainda não recebera nome. À luz das chamas, Caim reparou na marca da pedra na testa de Abel e deixou cair o pão que ia levar à boca, e pediu que lhe fosse perdoado o seu crime. Abel respondeu: tu mataste-me ou fui eu que te matei? Já não me lembro; aqui estamos juntos como dantes. Agora sei que, na verdade, me perdoaste – disse Caim –, porque esquecer é perdoar. Eu tratarei também de esquecer.”

J. L. Borges; O Elogio da Sombra

sábado, 25 de abril de 2009

A Obra de Deus

Naqueles dias,
levantou-se um homem no Sinédrio,
um fariseu chamado Gamaliel,
doutor da Lei venerado por todo o povo,
e mandou sair os Apóstolos por uns momentos.
Depois disse:
«Israelitas,
tende cuidado com o que ides fazer a estes homens.
Há tempos, apareceu Teudas, que dizia ser alguém,
e seguiram-no cerca de quatrocentos homens.
Ele foi liquidado
e todos os seus partidários foram destroçados e reduzidos a nada.
Depois dele, nos dias do recenseamento,
apareceu Judas, o Galileu,
que arrastou o povo atrás de si.
Também ele pereceu
e todos os seus partidários foram dispersos.
Agora vou dar-vos um conselho:
Não vos metais com estes homens: deixai-os.
Porque se esta iniciativa, ou esta obra, vem dos homens,
acabará por si mesma.
Mas se vem de Deus, não podereis destuí-la
e correis o risco de lutar contra Deus».
Eles aceitaram o seu conselho.
Chamaram de novo os Apóstolos à sua presença
e, depois de os terem mandado açoitar,
proibiram-nos falar no nome de Jesus
e soltaram-nos.
Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria,
por terem merecido serem ultrajados
por causa do nome de Jesus.
E todos os dias, no templo e nas casas,
não cessavam de ensinar e anunciar a boa nova
de que Jesus era o Messias.

Actos 5, 34-42

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Excerto da Mensagem de Bento XVI para o dia das Vocações

A vocação ao sacerdócio e à vida consagrada constitui um dom divino especial, que se insere no vasto projecto de amor e salvação que Deus tem para cada pessoa e para a humanidade inteira. O apóstolo Paulo – que recordamos de modo particular durante este Ano Paulino comemorativo dos dois mil anos do seu nascimento –, ao escrever aos Efésios, afirma: «Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos» (Ef 1, 3-4). Dentro da vocação universal à santidade, sobressai a peculiar iniciativa de Deus ter escolhido alguns para seguirem mais de perto o seu Filho Jesus Cristo tornando-se seus ministros e testemunhas privilegiadas. O divino Mestre chamou pessoalmente os Apóstolos «para andarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios» (Mc 3, 14-15); eles, por sua vez, agregaram a si mesmos outros discípulos, fiéis colaboradores no ministério missionário. E assim no decorrer dos séculos, respondendo à vocação do Senhor e dóceis à acção do Espírito Santo, fileiras inumeráveis de presbíteros e pessoas consagradas puseram-se ao serviço total do Evangelho na Igreja. Dêmos graças ao Senhor, que continua hoje também a convocar trabalhadores para a sua vinha. Se é verdade que, em algumas regiões, se regista uma preocupante carência de presbíteros e que não faltam dificuldades e obstáculos no caminho da Igreja, sustenta-nos a certeza inabalável de que esta é guiada firmemente nas sendas do tempo rumo à realização definitiva do Reino por Ele, o Senhor, que livremente escolhe e convida a segui-lo pessoas de qualquer cultura e idade, segundo os insondáveis desígnios do seu amor misericordioso.

domingo, 29 de março de 2009

Uma reflexão com João Paulo II

"O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se o não torna algo de seu, se nele não participa vivamente".

Redemptor Hominis, nº 10

sábado, 28 de março de 2009

"Troquemos o instante pelo eterno"

Troquemos o instante pelo eterno;
Sigamos o caminho de Jesus.
A primavera vem depois do inverno;
A alegria virá depois da Cruz.


Passa o tempo e, com ele, as nossas vidas;
Tal como passa o bem, passa a desgraça.
Passam todas as coisas conhecidas...
Só o Nome de Deus é que não passa.


Farei da fé, vivida cada dia,
A luz interior que me conduz
À luz de Deus, da paz e da alegria,
À luz da glória eterna, à Luz da Luz.


Hino retirado da Liturgia das Horas

sexta-feira, 27 de março de 2009

A cegueira de uma imagem

A nossa sociedade vive hoje da cultura da Imagem,estamos sempre à procura do VER do que propriamente do ESCUTAR. Imagem essa que bloqueia todo o nosso ser pois, para olharmos qualquer imagem que nos seja colocada, temos inevitavelmente de PARAR...
O Cristão é aquele que, antes de tudo, deve ESCUTAR, estar atento e vigilante à Palavra de Deus, ao que Deus lhe quer dizer no concreto da sua existência. ESCUTAR a Deus é escutar os que caminham ao nosso lado, a Palavra vale mais que todas as Imagens.
ESCUTAR coloca-nos em movimento, rumo ao emissor;
ESCUTAR leva-nos a Deus...
Antes de VER, procuremos ESCUTAR!

segunda-feira, 16 de março de 2009

O fio de Trigo



Danças sem cessar
na sombra do vento.

Iluminado
pelo som dos grandes astros.

Condenado eternamente à terra
que te foi confiada.

Fio Dourado, Frágil
de Olhos no Céu.

Tens de Morrer
para ser Vida.

terça-feira, 10 de março de 2009

A Alegria de uma Queda

Queria escrever algo sobre isto mesmo, a alegria de uma queda... por mais estranho que possa parecer!
Ultimamente tenho reflectido neste aspecto da conversão: a queda das nossas convicções. Olho para Paulo, para a queda do cavalo, para a queda do que lhe fazia viver. No entanto, Paulo não ficou na estrada, levantou-se, ou o Senhor levantou-o, como queiram. Mas, com Cristo, Paulo encontrou-se verdadeiramente, descobriu-se a si mesmo. Neste caminho que diariamente vou trilhando, vejo-me muitas vezes nisto, nesta dinâmica da queda e de ser levantado com Cristo. Quem não se perde não se encontra, diz-me um colega de Caminho! E é verdade =)

domingo, 8 de março de 2009

Uma meditação com São Cirilo de Jerusalém

"Assim como aquele que se encontrava nas trevas, ao nascer o sol recebe nos olhos a sua luz e começa a contemplar com clareza o que antes não via, também o qu se tornou digno do Dom do Espírito Santo recebe na Alma a sua Luz e, elevado da inteligência humana, começa a ver o que antes ignorava"

sábado, 7 de março de 2009

Como que um Mapa para a Vida Cristã

SQue o vosso amor seja sincero. Detestai o mal e apegai-vos ao bem. Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno; adiantai-vos uns aos outros na estima mútua. Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai-vos inflamar pelo Espírito; entregai-vos ao serviço do Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração. Partilhai com os santos que passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros.
Bendizei os que vos perseguem; bendizei, não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde; não vos julgueis sábios por vós próprios. Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos os homens. Tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens. Não vos vingueis por vós próprios, caríssimos; mas deixai que seja Deus a castigar, pois está escrito:
É a mim que compete punir,
Eu é que hei-de retribuir,
diz o Senhor.

Em vez disso, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber; porque, se fizeres isso, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.

Rom. 12, 9-21

segunda-feira, 2 de março de 2009

Os três verbos da Quaresma


A Quaresma é um Tempo Oportuno para olharmos para nós mesmos, para nos prepararmos para a Páscoa, neste post quero dar três reflexões ou ideias para vivermos melhor este tempo.

Pare: A Quaresma é um tempo de paragem, parar as nossas correrias diárias, tempo de abrandar o ritmo para estarmos mais atentos à voz de Deus:

Escute: Tempo de ouvirmos a Voz de Deus mais atentamente, ouvirmos os gritos e os clamores dos que caminham connosco, de ouvirmos a nossa própria vida, de ouvirmos o nosso próprio coração;

Olhe: Tempo de olharmos para os outros, para olharmos para os que mais necessitam de nós, para nos apercebermos melhor das situações de injustiça e desigualdade da nossa sociedade;

Espero que este seja realmente um Tempo Oportuno para vivermos melhor esta Comunhão que Deus nos chama.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Os Sacramentos - Uma reflexão

"Os sacramentos são os principais meios de graça, pelos quais a Igreja se consolida como Povo do Senhor e os cristãos crescem na conversão, em ordem à santidade. Neles se cruzam, em unidade misteriosa, a acção da Igreja, enquanto sacramento de salvação, e o poder do Espírito de Cristo ressuscitado, a agir nos cristãos, na Igreja e através da Igreja. Eles são a principal expressão da acção salvífica de Cristo e da Igreja, sacramentos primordiais. Neles estão sempre envolvidos a Igreja e os cristãos que os celebram, o que torna cada sacramento um acto da comunidade eclesial e não apenas um acto individual. Esta dimensão eclesial deve ser salvaguardada na celebração dos sacramentos."

D. José Policarpo - Normas sacramentais

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Do Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo Efrém, diácono

A Palavra de Deus, fonte inexaurível de vida

Que inteligência poderá penetrar uma só de vossas palavras, Senhor? Como sedentos a

beber de uma fonte, ali deixamos sempre mais do que aproveitamos. A palavra de Deus,

diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas. O Senhor

coloriu com muitos tons sua palavra. Assim, quem quiser conhecê-la, pode nela

contemplar aquilo que lhe agrada. Nela escondeu inúmeros tesouros, para que neles se

enriqueçam todos os que a eles se aplicarem.

A palavra de Deus é a árvore da vida a oferecer-te por todos os lados o fruto abençoado,

à semelhança do rochedo fendido no deserto que, por todo lado, jorrou a bebida

espiritual. Comiam, diz o Apóstolo, do alimento espiritual e bebiam da bebida

espiritual.

Se, portanto, alguém alcançar uma parcela desse tesouro, não pense que este seja o

único conteúdo desta palavra, mas considere que encontrou apenas uma porção do

muito nela contido. Se só esta parcela esteve a seu alcance, não diga que essa palavra

seja pobre e estéril, nem a despreze. Pelo contrário, visto que não pode abraçá-la

totalmente, dê graças por sua riqueza. Alegra-te por seres vencido, não te entristeças por

te ultrapassar. O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder

esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois, se tua

sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela

poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória

redundaria em mal.

Dá graças, então, pelo que recebeste. Pelo que ainda restou e transbordou não te

entristeças. Aquilo que recebeste e a que chegaste é a tua parte. O que sobrou é tua

herança. Se, por fraqueza tua, em uma hora não consegues entender, em outras horas, se

perseverares, poderás recebê-lo. Não te esforces, com maligna intenção, por beber de

um só trago aquilo que não pode ser tomado de uma vez. Não desistas, por indolência,

de tomá-lo aos poucos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Caminhar com Job


Um dos Livros mais lidos e relidos da Sagrada Escritura é, sem dúvida, o Livro de Job. Apesar das muitas diferenças entre Job e os nossos dias (época, cultura, vivências etc) há uma grande semelhança. O Sofrimento do Justo...
Quem de entre nós nunca sofreu?
Job, no seu sofrimento, permanece fiel e firme na sua Fé: "O Senhor deu, o Senhor tirou; Bendito seja o Nome do Senhor."
É realmente um bom exemplo para os nossos dias, quando a Fé não nos dá as respostas que queremos ouvir, fugimos para outros lados, abandonamos Deus e todo o Seu projecto para nós, toda a Sua Vontade. Damos toda a nossa Vida aos Ídolos, a tudo o que nos dá uma Felicidade e uma resposta boa... embora seja passageira.

Amigos, permaneçamos fieis à Vontade de Deus, apesar das muitas dores e sofrimentos que isso nos pode causar. As vezes, ao permanecermos na Vontade de Deus, apesar de tudo o que poderá acontecer, descobrimos uma Felicidade Suprema, a Felicidade de Viver em Comunhão com Deus e com os Irmãos que nos rodeiam!!!

Boa semana Amigos

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Uma reflexão com São Paulo Miki e seus companheiros

«Agora que cheguei a este ponto extremo da minha vida, nenhum de vós há-de acreditar que eu queira esconder a verdade. Declaro-vos portanto que não há outro caminho para a salvação do que aquele que possuem os cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar aos inimigos e a todos os que me ofenderam, eu livremente perdoo ao imperador e a todos os autores da minha morte e peço a todos que se baptizem».


Alegrem-se no Céu as almas dos Santos, que seguiram
os passos de Cristo; e porque derramaram o sangue por seu amor, com Cristo reinarão eternamente.

Da Epístola aos Hebreus

Irmãos:
Permanecei no amor fraterno.
Não esqueçais a hospitalidade,
porque, graças a ela,
alguns, sem o saberem, hospedaram Anjos.
Lembrai-vos dos prisioneiros,
como se estivésseis presos com eles.
Lembrai-vos dos que são maltratados,
porque vós também tendes um corpo.
O matrimónio seja honrado por todos
e o leito conjugal sem mancha,
porque Deus julgará os impuros e os adúlteros.
O vosso modo de proceder seja desinteressado,
contentando-vos com o que possuís,
porque Deus disse:
«Eu não te abandonarei nem te desampararei».
Assim poderemos dizer confiadamente:
«O Senhor é por mim: nada temo;
que poderão fazer-me os homens?».
Lembrai-vos dos vossos chefes,
que vos anunciaram a palavra de Deus;
considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé.
Jesus Cristo é sempre o mesmo,
hoje e ontem e por toda a eternidade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ítaca - Konstantinos Kavafis

Quando partires, em direcção a Ítaca,
que a tua jornada seja longa
repleta de aventuras, plena de conhecimento.

Não temas Laestrigones e Ciclopes nem o furioso Poseidon;
não irás encontrá-los durante o caminho,
se o pensamento estiver elevado, se a emoção
jamais abandonar o teu corpo e o teu espírito.
Laestrigones e Ciclopes e o furioso Poseidon
não estarão no teu caminho
se não os levares na tua alma,
se a tua alma não os colocar diante dos teus passos.

Espero que a tua estrada seja longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
que o prazer de ver os primeiros portos
traga alegria nunca vista.
Procura visitar os empórios da Fenícia
recolhe o que há de melhor.
Vai às cidades do Egipto,
aprende com um povo que tem tanto a ensinar.

Não percas Ítaca de vista,
pois chegar lá é o teu destino.
Mas não apresses os teus passos;
é melhor que a jornada dure muito anos
e o teu barco só ancore na ilha
quando já estiveres enriquecido
com o que conheceste no caminho.

Não esperes que Ítaca te dê mais riquezas.
Ítaca já te deu uma bela viagem;
sem Ítaca, jamais terias partido.
Ela já te deu tudo, e nada mais te pode dar.

Se, no final, achares que Ítaca é pobre,
não penses que ela te enganou.
Porque te tornaste um sábio, viveste uma vida intensa,
e este é o significado de Ítaca.

Uma reflexão de Ingrid Betancourt

"En el dolor de la selva no puedes aceptar a cualquier Dios. El Dios ritual infantil no te basta. No te basta con pensar que Dios es amor o que no puedes explicarlo. En la selva necesitas un Dios racional.
Si tu fe no es racional, si no estás seguro de que Dios existe, no puedes entablar una relación con Él.
Entendí, leyendo la Biblia, que Dios no es energía, ni luz ni partículas de gas en el cosmos, sino que Dios es un ser humano, en otras palabras, que lo que nosotros tenemos de humanos es lo que tenemos de Dios.
Todos los personajes de la Biblia están retratados con sus debilidades, sus miserias, sus pequeñeces. Todos estamos retratados ahí.
Yo descubrí un Dios con sentido del humor, con sentido de la autoridad, un Dios que educa, un Dios que ama, pero sobre todo, que es un Dios en el sentido de que lo puede todo.
Un robot puede estar programado para amar, pero si no tiene la libertad de no hacerlo, el amor no tiene valor."

Ingrid Betancourt

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Os Ecos da Palavra

"Que tens tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder?"

Ao ler o Evangelho deste Domingo foram estas questões que levei para a minha vida. Muitas vezes, parece que Jesus tem uma certa alegria em nos desconstruir, ao abalar a nossa excessiva auto-confiança, ao muitas vezes, retirar o próprio pavimento por onde, tão constantemente, andamos. Mas Jesus não faz isto porque nos quer mal, Ele não nos quer ver perdidos. o que Ele realmente quer é que, abandonando as nossas excessivas certezas, nos construamos verdadeiramente Nele, O Único e Eterno alicerce da nossa vida e de toda a nossa Esperança, O Verdadeiro Maestro de toda a Orquestra da Humanidade.

Fiquem bem Amigos e que Deus vos acompanhe nesta semana!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Um Amor de entrega

Amigos, ao encontrar este vídeo quis coloca-lo logo aqui... Acho que fala-nos do que é verdadeiramente o Amor. O Amor não é para a nossa auto-satisfação, para o nosso próprio prazer mas sim pelo Outro, por aquele que amamos. A nossa vida passa a depender sempre do outro, do que ele necessita. O Verdadeiro Amor é quando morremos para nós mesmos, procurando que o Outro possa viver!
Vejam o Vídeo, vale mesmo a pena...

"Rabbi, Onde moras?"


Há uns tempos atrás, a Liturgia deu-nos uma bela passagem do Evangelho de São João. Os Discípulos de João Baptista que perguntam a Jesus qual era a sua habitação, onde é que Jesus morava... Jesus responde dizendo "Vinde e Vede".
Esta Palavra inquietou-me, algo típico da Palavra de Deus, nos inquietar, nos desconstruir, e fez-me reflectir sobre onde é que Jesus morava na minha vida, qual o lugar que tinha destinado para Ele, onde é que Ele morava.
Ele quer que o continuemos a procurar, Ele não se deixa ficar, nem se resumir, nem se esgotar numa teoria, numa inteligência mas que o busquemos com alegria e simplicidade de Coração, que procuremos o Seu Rosto no Rosto dos Outros que diariamente se cruzam connosco...